BRASIL DESPERDIÇA 30% DE COMBUSTÍVEL COM SOBRECARGA NAS RODOVIAS E FROTA VELHA


17/10/2022

Em um cenário de ampla discussão sobre o preço do combustível, um dado no contexto brasileiro chama a atenção: de acordo com o especialista em logística e sócio da Pathfind, Antônio Wrobleski, o Brasil desperdiça 30% do combustível no transporte de cargas com rodovias sobrecarregadas e frota velha. Esse dado se alinha ao custo logístico nacional, que corresponde a 12,5 do PIB (Produto Interno Bruno) – nos EUA, esse percentual não chega a 8%.

 

O especialista enfatizou que a situação é crucial para o setor, com perdas que vão desde o valor do produto ao impacto ao meio ambiente. “Se não houver planejamento e investimentos nos próximos 15 anos, o segmento vai enfrentar sérias dificuldades”, ressaltou.

 

Outro fator destacado por Wrobleski é a falta de investimento em infraestrutura – segundo ele, um dos maiores gargalos da logística brasileira.

 

O sócio da Pathfind analisou a questão de investimentos no modal ferroviário, que possui praticamente a mesma malha há 100 anos. “O Brasil tem três vezes o tamanho da Argentina, mas o País vizinho ostenta mais quilômetros de ferrovias. A linhas férreas brasileiras somam cerca de 31 mil quilômetros, enquanto as argentinas têm 34 mil quilômetros. Veja o absurdo dessa comparação”, pontou.

 

Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mais de 60% das operações de transporte no Brasil são feitas por meio das rodovias – contra 20% por ferrovias, 14% por cabotagem, 0,3% por transporte aéreo e 3,6% por outros sistemas.

 

Para o especialista, o cenário ideal seria que, em quinze anos, o transporte brasileiro ficasse dividido da seguinte forma: 40% por rodovias, 30% por ferrovias e 25% por cabotagem. “Isso depende de um plano longo de investimentos, que precisa começar agora.”

 

A renovação de frota foi outro ponto comentado por Wrobleski. De acordo com ele, a piora no segmento de transporte rodoviário é acentuada pela idade da frota brasileira de caminhões, que tem em média 20 anos. “Conseguimos baixar essa média no passado, com financiamentos dedicados a caminhões, mas hoje esse número voltou a envelhecer, Já chegou a 12, 13 anos, está em 20 anos. A idade ideal para a frota de caminhões é 8 anos a no máximo 10 anos”, alegou.

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